quinta-feira, 23 de julho de 2015

Resenha de quinta: Garota online, da Zoe Sugg

 Alguém lembra que, há alguns séculos, eu falei sobre uma categoria do blog que eu queria começar chamada Resenha de Quinta? A ideia é resenhar livros na quinta-feira e a primeira obra escolhida foi, obviamente, o meu amorzinho: A cidade do Sol. Depois disso, acabei não resenhando mais nada, mas, hoje, resolvi retomar a ideia, falando sobre Garota Online, da Zoe Sugg.

GHOSTWRITING E A POLÊMICA NA INTERNET
 ghostwriting = quando algo (pode ser um livro, um artigo, uma reportagem ou qualquer outra coisa) é escrito por alguém, mas os créditos são dados a outra pessoa
 A primeira coisa que me fez ler esse livro foi a Zoella. Ela é uma youtuber britânica super fofa e é parcialmente autora dele. Parcialmente porque descobriram que ela teve ajuda da Siobhan Curham, uma escritora que trabalha para a editora Penguin
 O que ninguém sabe é até onde essa ajuda foi, já que a Siobhan postou no blog dela que tinha recebido o desafio de escrever um livro em 6 semanas numa época que coincide com período de anúncio, mas a Zoe disse que os personagens e a história tinham saído da cabeça dela. Com toda essa polêmica, fica difícil não ficar curioso para ler, especialmente se você já acompanha a youtuber há algum tempo.

ENREDO
 O livro fala sobre uma garota (uau!) que tem um blog anônimo em que fala sobre tudo que acontece na vida. Só que ela é praticamente uma versão exagerada e caricaturesca da Anastácia, de Cinquenta Tons de Cinza. Ela tem a maravilhosa habilidade de cair em todos os lugares e fazer tudo de forma desastrada, exatamente como a nossa queridíssima que se apaixona pelo Christian Grey.
 Os pais dela são organizadores de casamentos temáticos e recebem a proposta de fazer um casamento nos Estados Unidos (eles moram na Inglaterra) no estilo de Downtown Abbey e a levam, junto com o melhor amigo dela, para Nova York.
 Só que tá tudo dando muito errado: a auto-estima dela tá horrorosa, o ciclo de pessoas com quem ela convive é horrível, um vídeo dela passando vergonha viralizou na internet e ela ainda tem que lidar com ansiedade e ataques de pânico. A viagem surgiu num momento ideal para ela tentar mudar as coisas.
 Esse é o máximo que eu aconselho que você saiba. Sério, dicona de ouro: não leia a sinopse. Felizmente só a li depois de terminar o livro porque ela entrega quase tudo que acontece. Prefiro ir lendo e descobrindo as coisas aos poucos porque a experiência é muito mais completa, por isso aconselho que fiquem longe dos spoilers.

RITMO DE LEITURA
 Quase dormi durante as primeiras páginas. Era tudo dramático demais, exagerado demais, qualquer evento era digno de um monólogo de ó, mundo cruel, por que me deste essa cruz?, então deu uma preguicinha. Sei que é sobre uma garota de 15 anos com problema de ansiedade, mas tem umas cenas com um apelo tão forte para deixar claro que ela é desastrada que fiquei agoniada.
  Felizmente, isso só dura até a viagem de Nova York. A Penny decide mudar a própria vida e a forma com a qual lida com o que acontece e isso faz uma diferença enorme na narração. Além disso, um personagem aparece e deixa as coisas bem mais interessantes. Pra mim, é aí que a história começa de verdade.
 Depois disso, a leitura fica muito mais leve e rápida. Tem uns clichezões? Tem. Mas, também tem sacadas inteligentes e engraçadas e cenas muito fofas, então, no geral, é muito gostoso de ler.
 É importante saber que é uma escrita que se encaixa muito mais com o público infanto-juvenil que com o jovem-adulto, mas continua sendo uma experiência legal para quem lê YA e uma ótima obra para quem tá começando a ler em inglês porque o vocabulário é muito fácil.

OPINIÃO FINAL
 Senti falta de um pouquinho mais de desenvolvimento dos outros personagens porque os únicos personagens com personalidade elaborada são os dois protagonistas e o melhor amigo da Penny (alguém me ajuda a decidir de se odeio ou adoro esse garoto?), com quem tem uma situação extra acontecendo.
 Fora isso e os problemas das primeiras páginas, achei muito legal. Pelo que li, vai ter uma continuação e, se for verdade, vou ficar louca para ler também. É um romance meio Sessão da Tarde, daqueles que não dá pra não achar fofo e shippar muito, então, vale a pena. Três estrelas e meia.


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Crimes massas e muito loucos

 Eu odeio qualquer cena que tenha a ver com dor. Seja tortura, assassinato muito explícito ou castigo, tudo me incomoda. Sinto um arrepiozinho no corpo inteiro como se eu estivesse passando por aquilo. E isso é, aparentemente, um crime horroroso. Um disparate da minha parte.
 Há algum tempo, meu professor passou na sala um filme sobre a ditadura (o maravilhosíssimo Batismo de Sangue) e nele a tortura é super explícita. Isso quer dizer que eu fiquei me contorcendo na cadeira e fazendo acrobacias pra cobrir os olhos sem que as pessoas notassem. Mas, uma colega minha saia da sala em toda cena de dor porque ela não conseguia ver. E todo mundo ficava reclamando achando um absurdo.
 Porque ter empatia, aparentemente, é quase uma ofensa pessoal a todas as pessoas que gostam de ficar olhando fixamente pra tela enquanto alguém é pendurado num pau de arara. E, sinceramente, acho isso não só de uma grosseria absurda, como, no mínimo, preocupante.
 Lógico que você pode não se importar e gostar de ver/ler esse tipo de coisa sem necessariamente ser um psicopata, mas por que é tão absurdo assim que alguém não queira? Não consigo ver o que há de tão em comum em não se sentir confortável com cenas em que alguém está claramente sofrendo e sentindo muita dor.
 Não que todo mundo que vira a cara seja necessariamente a personificação de Madre Teresa de Calcutá com muita sensibilidade e empatia pelo outro porque, na maioria das vezes, é uma reação que tem muito mais relação com pensar em quão horrível seria se acontecesse com você. Mas, mesmo assim, é válido. Porque, né, como já diria aquela velha regrinha da internet: Ninguém é obrigado.
 Uma das coisas que mais me irritam é quando alguém (que é extremamente sem noção, vamos deixar claro) manda foto de um membro decepado ou de qualquer resultado de um acidente pra um grupo de Whatsapp sem perguntar nem se os outros membros querem ver. Tenho vontade de mandar uma mensagem perguntando se a pessoa acha que alguém ali tá querendo arrumar um freela de legista. 
 É uma cultura da dor e dos crimes constante e cada vez mais forte. São livros, documentários, filmes e tudo que se possa imaginar falando sobre psicopatas e serial killers como se contassem sobre alguém que caiu numa poça de lama num dia chuvoso. Acontecesse tudo de forma tão fria e clínica que parece que nem são pessoas reais passando por aquilo.
 Isso não quer dizer que sou contra séries policiais ou livros policiais. Pelo contrário, adoro essas tramas investigativas e posso, facilmente, elencar meus seriados e livros favoritos sobre o tema. Só sou contra analisar esse tipo de situação, especialmente quando estamos falando de casos reais, sem a menor sensibilidade.
 Um exemplo perfeito disso é aquele filme Sniper Americano que é só uma grande romantização de um cara que não só matou mais de 300 pessoas no Iraque, como escreveu na autobiografia que achava divertido e que queria ter matado mais. No cinema, ele tá como um herói patriota que fez isso por amor a nação (parte disso é reflexo do nacionalismo fascista estadunidense, mas até por aqui o filme fez muito sucesso). O longa arrecadou mais de 400 milhões de dólares ao redor do mundo, sinal claro de que tudo bem se o cara é um assassino, se ele cometer os assassinatos ao lado do exército e sua história virar um filme bonitinho, tá ok. 
 É preciso lembrar de que esses crimes malucos e mortes exóticas não são "massas", "interessantes", "muito loucos" ou qualquer coisa do tipo. É de vidas que estamos falando, não de um caso aleatório que foi criado pra entreter um público sedento por relatos sangrentos.
 Então que cada um tenha liberdade para viver sua "frescura com cenas violentas" porque, na real, isso é bem mais humano que a adoração desses relatos. E que a gente compartilhe mais foto de gatos fofinhos do que de gente morta, por favor.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Vídeo: RIP IT OR SHIP IT?


O vídeo de hoje é uma resposta à tag RIP it or Ship it (a.k.a otp ou nada a ver) que tá acontecendo há um tempão na interwebs e, especialmente, no booktube. Nela você só precisa sortear dois nomes e dizer se shippa* ou se acha que seria horroroso ver a relação acontecendo.
 Segui mais ou menos o modelo da tag de Beijar, casar ou jogar do penhasco e fiz com personagens literários e personagens de séries porque seriado é amor e todo mundo sabe disso.
 A imagem não ficou das melhores porque, como deu pra notar, não to em Caruaru porque vim passar as férias em Arcoverde. Ou seja, tive que fazer um esqueminha aqui com a iluminação porque não tive como usar a minha janela maravilhosa, como costumo fazer, mas acho que, tirando o foco meio louco, nem ficou tão ruim.



*Esqueci de explicar no vídeo, mas shippar quer dizer apoiar um casal/uma amizade. Achar fofinho, gracinha, digno de uma lagrimazinha escorrendo pela face.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Vídeo: Tag Astrológica


 Vocês provavelmente já sabem que eu gosto muito de astrologia porque vivo mencionando por aqui que acredito que o meu signo e meu ascendente influenciam a minha personalidade. Mas, antes que se enganem, quero deixar claro que isso é diferente de acreditar em horóscopo, ou seja, acho que mapa astral tem tudo a ver, mas não sair de casa porque tá escrito que vai cair um porco voador na sua cabeça é loucura.
 Justamente por ser a louca das ligações astrológicas, fiquei super feliz ao encontrar esse tweet com várias perguntas associadas aos signos. Não era pra ser exatamente uma tag, mas acabou virando porque não pude evitar.
 Além de ter respondido, tagueei duas maravilhosas: A Duds Saldanha do Pode Chamar de Duds e a Bia Monteiro que é uma maravilhosa que amo muitíssimo.
 Se alguém mais quiser responder, essas são as perguntas:
Áries: Imagine que o mundo todo está ouvindo você agora, o que você falaria?  
Touro: Nomeie cinco prazeres culposos 
Gêmeos: Como você lida com a sua raiva e/ou tristeza? 
Câncer: Se você pudesse permanentemente se livrar de uma insegurança ou defeito que você tem, qual seria? 
Leão: Nomeie cinco coisas boas que as pessoas falam sobre você 
Virgem: Qual a melhor decisão que você já tomou na sua vida até hoje? E a pior? 
Libra: Se você ganhasse U$ 1 milhão e só pudesse gastar com quatro coisas, quais seriam? 
Escorpião: Que pergunta você teria medo de responder sinceramente? 
Sagitário: Imagine que você tem apenas 5 minutos para reviver um dos seus melhores momentos. Qual momento seria? 
Capricórnio: Qual é o seu maior "e se"? 
Aquário: Qual é a coisa que você gostaria que as pessoas entendessem sobre você? 
Peixes: O que você gostaria que estivesse escrito na sua lápide?

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um montão de links #3

 Essa categoria virou uma coisa praticamente mensal, mas o lado bom é que tenho mais coisas para dividir, né? Então, relevemos a negligência dessa singela blogueira e comemoremos a quantidade de maravilhas que estão nessa lista.
 Aliás, desculpas prévias porque não tive a intenção de colocar tanta coisa, mas não dava pra tirar nada, sério.

Posts

  1. Dez incríveis discussões sociais na 3ª temporada de Orange Is The New Black, da Bruna Kalil para a Obvious
  2. Rola não é a solução pra tudo, da Jarid Arraes para o Portal Fórum
  3. O que faz uma mulher ser uma mulher?, da Elinor Burkett pro New York Times
  4. Os amigos e o zodíaco, da Ruth Manus pro Estadão
  5. O alto preço de viver longe de casa, também da Ruth Manus pro Estadão
  6. Carta aberta de uma jovem a Dilma Rousseff, da Julia Dworkin publicada no Portal Fórum
  7. A mulher negra na mídia, da Ellen Paes para a Leilas
  8. Vocês não são todos Maju, do Fabio Louis postado pelo Geledés
  9. Como escrever roteiros, da Gabby pra Rookie [em inglês]
  10. Aprenda GTD: Como fazer a coleta, da Thais Godinho do Vida Organizada
  11. Como aprendi a passar tempo sozinha, da Liana Gergely traduzido por Brasil Post
  12. Ode ao tédio, da Anna McConnel pra Rookie [em inglês]
  13. Frida Kahlo: imagem, corpo e feminismo, da Bia Cardoso pro Blogueiras Feministas
  14. Falar de racismo reverso é como acreditar em unicórnios, da Djamila Ribeiro pro Lugar de Mulher
  15. Lado monstro, da Aline Valek
  16. Foco e poder do "Tempo Devoto", do Guilherme pro Serendipity
  17. Como fotografar dentro de casa, da Bruna pro Boneca de Platina
  18. Oito dicas para memorizar as coisas que você aprende, da Ana Freitas pra Galileu
  19. Como fazer qualquer lugar parecer sua casa, da Mads Jensen pra Rookie [em inglês]
  20. Cinco coisas que você precisa parar de fazer pra ser mais feliz, da Giovanna pro Radioactive Unicorns
  21. Vamos falar de privilégio branco?, da Mari pro Lugar de Mulher
  22. O direito de ser uma garota negra, da Thahabu Gordon pra Rookie [em inglês]
  23. Como sair da sua cabeça, do Dylan pra Rookie [em inglês]
  24. Ser feminista é..., da Mari pro Lugar de Mulher
  25. Somos as novas bruxas, da Aline Xavier pro Lugar de Mulher

Vídeos
  1. A imagem que Hollywood criou da África sendo discutida por africanos [em inglês]
  2. O vlog da Jout Jout na OrangeCon <3
  3. Uma lista de sites úteis feita pela Victoria do Chiclete Violeta
  4. Quatro pessoas foram desafiadas a tentar a aprender francês em 60 dias pelo BuzzFeed [em inglês]
  5. Entrevista de alguns atores do Netflix com o Luba
  6. Lista do Hank Green com 19 formas para não ser idiota na internet [em inglês]
  7. Tutorial para booktubers iniciantes do Índice X
  8. Aplicativos de finanças indicados pela Fran Guarnieri
  9. Um guia para escolher o tripé para a sua câmera do Cara da Câmera
  10. Esse vídeo fofo da Michelle Phan sobre carreira, ciúmes e términos [em inglês]
  11. Uma mágica fofa no canal do Chris Ballinger [em inglês]
  12. E uma mágica meio assustadora e bizarra também [em inglês]
  13. E uma engraçada com participação da Miranda [em inglês]
  14. Cinco curiosidades sobre a Viúva Negra no Pense Geek
  15. Cinco motivos para assistir Divertida Mente dados pelo Vitor Martins
  16. Sisi explica como funciona a influência da família no namoro chinês no canal da Julia Jolie
  17. E outro sobre o namoro chinês em si
  18. E ainda um da própria Julia falando sobre hospitais públicos na China
  19. Com quantos autores se escreve um livro? do Danilo pro Cabine Literária
  20. Lista dos coadjuvantes que roubam a cena feita pelas meninas do Bloco X
  21. Dicas para montar uma casa do zero da Fran Guarnieri
  22. A Carol Moreira falando sobre a viagem dela para o Peru e Macchu Pichu
  23. E dando dicas para sobreviver em hostels
  24. Marzia lançou um livro!! <3
  25. Essa fofura de vídeo em homenagem a lei estadunidense que permite o casamento entre homossexuais em todos os estados
  26. Como fazer com que seus filhos parem de brigar com atuação dos filhos do Chris Ballinger
  27. Esquete sobre mães usando celulares novos do Bruno Miranda
  28. Um vídeo super massa sobre cenário falso e tela verde do Pipocando
  29. O centésimo e maravilhoso vídeo da Jout Jout
  30. Lista com dez regras da escola japonesa
  31. Um túnel do tempo relacionado à menstruação [em inglês]
  32. Sete teorias bizarras de desenhos animados apresentadas pelo Pipocando
  33. Lista de filmes cheios de esperança feita pelo Bloco X
  34. Algumas teorias de conspiração aleatórias reunidas pelo Shane Dawson [em inglês]
  35. Exercício para ser uma pessoa mais realizada proposto pela Juliana Goes
  36. A Emma falou sobre leis estranhas relacionadas a sexo ao redor do mundo
  37. ESSE VÍDEO DO SHANE DAWSON!!!!!! [em inglês]
  38. A Gabbie Fadel falou sobre essa mania de achar que mulher tem que ~se valorizar~
  39. Dicas para escrever livros contemporâneos [em inglês]
  40. Dicas para aprender alemão da Gisele

terça-feira, 7 de julho de 2015

Maratona literária de inverno 2015


 É muito difícil que você não tenha ouvido falar dessa maratona literária da qual tá todo mundo fazendo parte. Eu mesma já mencionei um milhão de vezes em todas as redes sociais, mas, como o blog estava passando por um hiatus, acabei sem postar aqui a TBR que fiz.
 A proposta surgiu do Victor, do Geek Freak, e mais de cinco mil pessoas (!!!!!) estão fazendo parte. A ideia é que, entre os dias 6 de junho (a.k.a. ontem) e 3 de agosto, a gente possa ler muito mais do que estamos acostumados. Para deixar as coisas mais interessantes foram criadas algumas categorias específicas e semanas temáticas, mas expliquei tudo direitinho no vídeo. Na página do evento, também vão acontecer desafios e, inclusive, o primeiro já está no ar!
 Estou fazendo posts com atualizações diárias na fanpage do blog e também mostrando como tá acontecendo no meu snapchat (@opssteph), então não esqueça de conferir por lá para saber como tá indo.

P.S.: Acabei não explicando no vídeo, mas TBR significa to be read, ou seja: a ser lido. É uma lista das leituras que você quer fazer e pode ser feita para uma semana, um mês, uma maratona ou qualquer período que você escolha.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Arquivo S: Para sempre Alice

Adivinha quem tá de volta (pela milésima vez).

Olá, migos! Finalmente eu trouxe mais uma resenha cinematográfica para esse pobre blog abandonado. E resolvi falar da adaptação de um livro sobre o qual já falei em vídeo: Para sempre Alice. O filme que rendeu à rainha Juliane Moore um Oscar de melhor atriz (<3) fala sobre uma mulher de 50 anos que descobre que tem Alzheimer. A personagem, Alice Howland, é uma professora universitária de linguística que se choca com lapsos de memória cada vez mais frequentes, até que procura um neurologista e recebe o diagnóstico da doença.


CARGA EMOCIONAL 
 Só de saber que a inspiração para o livro de Lisa Genova foi a avó da autora, que tinha Alzheimer, já dá pra ter uma noção de que vai além de uma visão superficial de alguém que acha que o caso daria um bom livro. É profundo, é delicado, dá um aperto no coração e vontade de segurar a mão da Alice e dizer "vai ficar tudo bem, vai ficar tudo dez" porque ela é uma personagem por quem você acaba sentindo muita empatia.
 E não para por aí. O filme foi dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland, que eram casados desde 2013 e estavam, no momento da produção, passando por uma situação que lembrava muito o que era encarado por Alice e seu marido. Richard foi diagnosticado com ELA, uma doença degenerativa neurológica (aquela da campanha dos baldes de gelo), e, no começo desse ano, já se comunicava usando apenas o dedão do pé e um iPad projetado de forma especial. Apesar disso, ele não deixou de comparecer no set por sequer um dia, mas faleceu em 11 de março, um dia antes do filme ser lançado no Brasil.


DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA
 Se eu tivesse que nomear uma doença que me assusta, não precisaria pensar duas vezes antes de responder Alzheimer. A possibilidade me aterroriza, mesmo sem que eu tenha histórico familiar. Essa pode ter sido a razão pela qual me senti tão atraída pela trama, mas a veracidade que as duas obras - a literária e a cinematográfica - passam é incrível.
 Nos dois casos é possível ir percebendo o desenvolvimento dos sintomas, que começam fraquinhos, com o esquecimento de palavras, e acabam tomando proporções bem maiores. 
 No livro, isso é notável porque é feito em primeira pessoa, então você se sente dentro da cabeça da Alice enquanto ela se esforça para lembrar onde colocou algo, para que uma coisa serve, um termo que precisava dizer ou quem é a pessoa que está na frente dela. 
 No filme, uma das formas para mostrar isso que achei mais interessante foi o uso de um jogo de palavras no qual a personagem competia com a filha mais velha. Dá pra perceber que, no começo do filme, Alice usa palavras elaboradas e complicadas, mas, no desenrolar dele, passa a usar termos mais básicos. A técnica chamou muito minha atenção, apesar de não ter recebido tanto destaque assim na obra e não ter sido elaborada tanto quanto poderia.
 Além disso, no cinema dá para notar os efeitos externos da doença. Lentamente, a personagem vai ficando cada vez mais debilitada, passando um aspecto de maior fragilidade.


FOTOGRAFIA
 A maior parte do filme é composta por cenas com desfoque no segundo plano. Super funciona na maior parte do tempo, mas em alguns momentos achei que ficou estranho. Uma cena que me incomodou muito foi uma em que Alice e Lydia estão no restaurante. Ficou extremamente focado no primeiro plano e criou um aspecto esquisito porque pareceu um chroma key mal feito.
 Apesar disso, acho que o desfoque deu muito certo ao tentar mostrar a confusão da personagem num momento aí que não vou falar pra ninguém reclamar de spoilers. Nessa mesma situação, uma cena bizarramente esquisita por causa de um corte esquisito aconteceu, mas estou relevando para focar no que foi legal.
 A temática dava abertura para uma exploração maior da cartela de cores, mas, mesmo não focando nisso (ou, pelo menos, não deixando notável o foco no aspecto), usaram um pouquinho dessa abordagem em alguns momentos. O que só me dá mais certeza de que se tivessem pensado sobre isso um pouquinho mais teria saído um resultado muito massa.
 No geral, é um filme com fotografias bonitas, apesar disso não se destacar muito no meio dos outros aspectos na produção porque faltou um tiquinho de sensibilidade.

Calma, não é nessa hora não. É nessa cena, mas em outro momento.
ELENCO
 Juju Moore é a atriz principal e isso já mostra todo um amor. Sei que um monte tem ressalvas quanto à atuação dela (os turcos que o digam, né?), mas amo tudo que essa mulher faz, pode atuar em comercial de margarina que eu vou tá lá gritando que tá linda, maravilhosa, rainha. Mas, sério, tirando o lado fangirl, ela foi perfeita para o papel, atuou  divinamente e, não a toa, levou uma estatueta do Oscar pra casa.
 E aí tem a Kristen Stewart. Acho difícil dar uma opinião sobre ela porque apesar de ser a primeira na fila de pessoas que querem ser amigonas dela, a atuação não é lá essas coisas, né? Gosto de assistir aos filmes da KStew, mas a gente tem que combinar que ela provavelmente não entraria numa lista de 100 mil atrizes mais expressivas do mundo. Perdão, só que é assim mesmo.
 Seth Gilliam falou pouco, mas falou bonito. Literalmente porque ele só teve uma fala, mas me deixou com saudadezinha de Teen Wolf. Considerando que a Kate Bosworth tinha uma cara tão boçal que eu queria gritar "desce desse pedestal, miga!" toda vez que ela aparecia, acho que a atuação foi boa, né? Porque na vida ela tem cara de life goals mesmo.
 Não prestei muita atenção na atuação do Alec Baldwin porque em toda cena que ele aparecia eu só ficava pensando que a cabeça dele é gigantesca. Desculpa, fica pra próxima uma opinião mais concreta. Hunter Parrish foi ótimo em ser um cara bonito, já em mostrar uma gota de emoção enquanto a mãe relatava o drama de viver com Alzheimer nem tanto. 
 Tá ficando repetitivo eu falar em toda resenha que o filme é cheio de gente branca, hétero e magra, mas é sim. É impossível ignorar isso porque literalmente, fora o Seth (que já falei que participou de, no máximo, 2 minutos do filme) só tem gente dentro do padrão e arghhhhhh.

É sério. Comparem as cabeças dos dois. A dele é muito grande!
O FILME FOI FIEL AO LIVRO?
 É inútil querer que um filme seja igual ao livro que o inspirou. Nunca vai acontecer porque não tem como reproduzir todas as cenas e falas num longa que dura, no máximo, duas horas. Ficar bravo e achar que "estragaram" a história é um desperdício de tempo e de paciência. Ou seja, eu não assisti esperando isso.
 Algumas mudanças deram super certo e não poderiam ser melhores. Outras, no entanto, deixaram a desejar. O que mais me incomodou foi a forma que o arquivo Butterfly foi apresentado. No livro, o conteúdo dessa pasta fica em segredo até que Alice a abra, deixando um monte de dúvidas na cabeça do leitor. No filme, no entanto, ele é mostrado no mesmo momento em que ela cria. Fiquei procurando uma razão que impedisse a cena de ser mostrada na ordem do livro e não achei. Não ia ser mais caro, nem ia deixar o filme mais longo, nem nada. Da forma que mostraram o desenvolvimento do filme não foi prejudicado, mas mesmo assim não faria mal ter deixado do outro jeito.
 Em todas as consultas de Alice, o neurologista diz um nome e um endereço para testar se ela vai lembrá-lo. Fiquei agoniada porque mudaram isso aí também. Fui tão orgulhosa comemorar que tinha lembrado que era John Black e rua Oeste, mas eles mudaram para rua Washington. Achei frustrante, desculpa.
 A locação é diferente porque no livro é em Boston e no filme é em Nova York, mas isso é só questão de logística mesmo, então nem achei nada demais. Fora isso, achei super fiel porque, no geral, as mudanças foram bem pequenas e que não afetaram muita coisa. Se você gostou do livro, provavelmente vai gostar do filme também.


OPINIÃO FINAL
 Precisa falar mais depois de todos esses parágrafos analisando até as árvores que passavam no fundo das cenas? É lindíssimo, tem uma profundidade maravilhosa, um desenvolvimento lindo e parece muito com o livro. Fora isso só posso dizer que tá no Netflix e aconselhar você a ir assistir nesse exato minuto. Quatro estrelas.

Maravilhosa e premiada <3