sábado, 9 de janeiro de 2016

Quem é essa aí, papai?

Sobre essa mania de perpetuar rivalidade feminina.
 A interwebs enlouqueceu na última semana com um vídeo em que Ivete Sangalo chama a atenção do marido, que estava conversando com uma outra mulher durante o show dela. Nele, ela reclama que eles têm muito assunto e pergunta quem é a dita cuja. Muita gente achou engraçado, fez memes e um monte de piadas porque, enfim, é assim que as coisas acontecem na internet. E aí teve quem problematizasse e dissesse que Ivete estava errada porque quem tem compromisso com ela é o marido.
 Eu concordo que a mulher não deve fidelidade a ninguém e que, independente da forma que reagiu ao boom que o vídeo recebeu, não tem nada a ver com isso e não é obrigada a nada. Enquanto ele for o que é casado, é ele que deve respeito à esposa e isso é uma missão que não divide com ninguém. Mas, nada tem só uma perspectiva.
 É possível que algumas mulheres flertem com ele. Já deve ter acontecido muito, inclusive. Mas e aí? O que elas têm a ver com isso? Se elas estão solteiras, não estão traindo ninguém, né? Mesmo que saibam do estado civil do moço, é ele que deve negar e cumprir o acordo matrimonial que foi proposto.
 Isso quer dizer que acho que é ótimo, maneiro, legal e super recomendado dar em cima de mocinhos comprometidos? Claro que não. Inclusive, acredito que também tem super a ver com o feminismo respeitar a mulher com quem ele está. Porque, por mais que você não tenha estabelecido nada com ela, tem tanto homem no mundo, né? Não vale a pena magoar uma outra mulher querendo flertar com o que é casado com ela.
 O que eu queria entender mesmo é por que o primeiro reflexo de Ivete e da internet inteira é apontar o dedo pra ela? Isso não é um caso isolado. Não é a primeira e, infelizmente, não é a última vez e com certeza a cantora baiana não foi a responsável por criar esse posicionamento.
 A tendência é essa mesmo: criticar a mulher e deixar o homem pra lá. Seja ela a mulher que traiu, a que foi traída ou a com quem se traiu, sempre é culpa dela. É um coro entoando de que ela está sempre errada, não importa o que faça.
 Se você tem um namorado e ele te traí com alguém, o primeiro reflexo é culpar a amante. O segundo é se culpar. Ela deu em cima dele, ele não resistiu, é inocente. Você não deu atenção suficiente, não fez o que ele queria, fez por onde. Mas, caramba, será que os homens são tão desprovidos de discernimento assim?
 Será que são incapazes de determinar o que é certo e o que é errado e de respeitar o relacionamento monogâmico que foi estabelecido? É preciso manter o seu namorado numa bolha para que ele não tenha contato com ninguém que manifeste interesse por ele porque, caso contrário, ele não vai conseguir evitar a traição? Não faz o menor sentido.
 Essa competição feminina que gira em torno da atenção de um cara que sequer é capaz de respeitar a mulher com quem está é inútil e recebe muito mais adeptas do que deveria. Não existe essa de amiguinha do seu namorado. Ele sabe muito bem que se está com você é porque quer. A menos que ele esteja preso no pé da sua mesa, não há nada que o impeça de terminar o relacionamento e sair com quem quiser. A culpa não é sua, a culpa não é dela, a culpa é exclusivamente dele.
 Se fosse ao contrário, se você o traísse, de quem seria a culpa? Alguém diria que ele não deu a atenção que você merecia ou que o cara com quem você o traiu estava errado por flertar com você? É claro que não, todos os olhares se virariam para a mais nova adultera.
 Nós somos treinadas a ver as outras mulheres como inimigas e homens são o maior prêmio de todos. Não é culpa de Ivete, nem da mulher que estava conversando com o marido dela e nem das meninas que compartilham esse vídeo a parabenizando. Tem toda uma conjuntura social por trás disso porque enquanto a atenção feminina estiver voltada para um combate interno, todos os problemas que fogem dessa perspectiva serão ignorados.
 Então, mais amor pelas minas. Mais cumplicidade, mais irmandade, mais união entre nós. E menos valorização de XY que permanece com o ego intacto enquanto competimos umas contra as outras. Se for pra lutar, que estejamos do mesmo lado.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sobre Jelena e essa insistência do Justin Bieber

Eu toda vez que alguém fala que quer que Justin e Selena voltem a namorar.
 Faz um tempão que surgiu toda essa confusão do Justin Bieber com a Selena Gomez e desde sempre estou louca para falar sobre isso. Acho que é importante analisarmos tudo que está acontecendo em uma perspectiva diferente da de simplesmente encarar a vida das celebridades como uma novelinha porque, por mais surpreendente que soe, eles são pessoas reais. A gente tem tendência a esquecer isso porque costumamos simplesmente endeusa-los, mas os problemas deles não se resumem à dificuldade de achar algo pra usar em uma premiação.
 Eu não gosto do Justin. Não gostava antes, não gosto agora e acho difícil que um dia comece a gostar. Minha opinião sobre ele não mudou com o álbum novo e quero morrer toda vez que alguém coloca Sorry pra tocar. Desculpa. Mas, isso não tem nada a ver com o que eu acho de todo esse assunto porque também não sou fã da Selena e sei, no máximo, umas duas músicas dela, do período que ela ainda estava na Disney. Juro juradinho.
 Mas, invés de nos determos a quem são os dois e o que eles representam na mídia, vamos imaginar um cara aleatório. Um mocinho que estuda inglês com você, por exemplo. Ele é o estereótipo de bom garoto e acaba se apaixonando pela melhor amiga, que você conhece porque frequenta a mesma livraria que você e também é louca pelo seu escritor favorito. Você não vai muito com a cara dele, mas sei lá, vai que dá certo, né? Eles parecem fofinhos juntos.
 Algum tempo passa e você descobre que eles têm aqueles relacionamentos de mola que acabam mil vezes ao mês, mas ok. Um monte de gente tem. Nada demais. Só que um dia ela cansa, não quer mais ficar terminando e voltando porque, por mais que goste dele, percebe que é só um enorme cansaço emocional se prender a esse relacionamento que claramente não está dando certo.
 Ele não entende isso. Não respeita. Fica postando textões no Facebook falando sobre amor e sobre como a quer de volta. Vídeos, fotos, um monte de coisas dos dois que só reforçam a ideia de que eram um casal perfeito. E todo mundo acha a coisa mais linda do mundo. Olha esse menino, que romântico! Que adorável, gosta tanto dela. Mocinha, volta com ele, vai. Você não percebe que ele te ama?
 Todo mundo fala tanto, elogia tanto, lembra tanto o que eles tinham de bom e comenta sobre como eles pareciam combinar perfeitamente ao andarem de mãos dadas por aí que ela aceita sair com ele mais uma vez. E vira um grande alvoroço porque nessa altura não há quem não tenha visto tudo que ele disse sobre ela na internet e as pessoas estão torcendo para que eles voltem.
 Ele faz um post sobre terem saído juntos que aumenta a esperança dos amigos que curtem e comentam sem parar. Todos sabiam, todos esperavam, quando vão voltar o status para o de relacionamento sério? Mas ninguém estava lá enquanto eles brigavam pelas mínimas coisas. Ninguém mais sabe como era por trás do que mostravam por aí. O namoro deles ia além de declarações públicas que eram feitas online e além dos encontros que todo mundo via. E não era nada bonito por trás disso.
 Agora imagina tudo isso aí quando todo esse relacionamento está na mídia e sendo compartilhado com uma legião de milhões de fãs que postam fotos todos os dias. É mais ou menos assim que a Selena deve se sentir. Cansada desse relacionamento que, pra ela, já deu o que tinha que dar, mas pressionada por um monte de gente que acha que o Justin é o amor da vida dela e a ama imensamente.
 Não posso afirmar que ele faz isso de má fé e que usa a atenção da mídia pra convencê-la a voltar com ele porque não o conheço e não tenho como saber. Mas, seja de propósito ou não, a forma com a qual os fãs agem deve estar sufocando a garota. Eu estaria sufocada, você não estaria?
 São entrevistas diárias em que ele fala sobre como as músicas que escreveu são pra ela, sobre como a ama, sobre como são feitos um para o outro. E, poxa, já deu, né? Tá sentindo falta dela, manda uma mensagem. Fala com ela. Precisa mesmo contar a todo mundo?
 Entendo que a gente é direcionado a ver esse tipo de atitude como prova de amor, mas não é isso que representa. Pressionar alguém a voltar com você por meio da mídia não é romântico, é abusivo. Então, por favor, não vamos deixar o desejo de vermos casais que gostamos juntos ofuscar o que há de errado com eles. Nem reforçar o falso romantismo desse tipo de coisa.
 Parece romance, mas é uma cilada, Bino. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Vídeo: Anão de ouro 2015

 Hoje faz exatamente um ano que eu escrevi um textinho sobre como felicidade é um negócio complexo e que não pode ser planejado e que comecei esse bloguinho onde vocês estão. E nem eu acreditaria que um ano depois, mesmo tendo sido tão negligenciado, ele continuaria existindo porque juro juradinho que desconheço alguém que tenha abandonado tantos blogs durante a vida quanto a que vos fala. Mas, ele ainda está aqui. E existem pessoas reais que sabem da existência dele por mais assustador que isso soe. 
 O vídeo nem é sobre isso e, pra ser sincera, nem mencionei esse mágico fato de que 365 dias passaram e ainda estou aqui, mas eu achei que precisava falar que foi uma surpresa maravilhosa. Foi uma surpresa incrível ter gente fofa e linda comentando que tinha visto o que eu tinha escrito/gravado ou reclamando comigo porque eu sou o pior projeto de blogueira e passo quinhentos e trinta e dois anos sem escrever. Vocês são sensacionais.
 Mas o que é isso de anão de ouro? Sou eu sendo eu e fazendo um trocadilho besta porque tcharam! Eis a minha premiação de livros do ano baseada em umas categorias que eu criei de uma forma levemente roubada. Tudo certo, nada errado.
 Até agora estou com um apertinho no coração por não ter mencionado certas obras, mas tudo bem. Vida que segue. Espero que vocês gostem dos livros e não deixem de comentar se já leram ou querem ler algum. Feliz ano novo, vocês são uns pôneis maravilhosos!