quinta-feira, 17 de março de 2016

As cores no filme Convergente

Preciso admitir que sou um pouquinho tendenciosa quando se trata da trilogia Divergente. Sou apaixonada pelos livros e tenho gostado dos filmes também. O que quer dizer que eu estava louca para assistir à adaptação cinematográfica de Convergente (o último livro) desde a semana passada, quando lançou nos cinemas.
 No geral, não gostei muito do filme. Achei que forçou um pouquinho além da conta o aspecto da ação e isso se torna meio cansativo, especialmente pra quem se interessa muito mais pelo aspecto social e político da coisa. Se você não está muito familiarizado com a história, é o seguinte: num futuro distópico, as pessoas estão divididas em grupos - denominados facções - de acordo com suas características predominantes. Mas existem aqueles que se encaixam em mais de uma dessas divisões, os divergentes.
 E a gente vai acompanhando a história da Tris, que é parte desse grupo de diferentões, enquanto ela tenta entender o sistema que rege a sociedade em que vive. Claro que ela acaba se rebelando e surge todo aquele negócio de lutar contra o poder. Tem quem ache que é parecido com Jogos Vorazes, tem quem ache que não tem muito a ver (sou parte do segundo time!), mas não é sobre isso que eu quero falar.
 Eu podia fazer uma resenha sobre o filme em geral e falar um pouquinho sobre as minhas impressões em relação à construção lindíssima dos personagens - que criam um papel tão linear que dá gosto de ver -, à essa repetição de dividir o último livro de uma saga em dois filmes ou ao roteiro em comparação ao livro, mas tem um aspecto que realmente chamou a minha atenção e que merece ser discutido: a direção de arte e, especialmente, as cores utilizadas.
 É o tipo de coisa sobre a qual é difícil de falar pra quem não assistiu ao filme porque você precisa ver pra entender as maravilhas de que estou falando. Sério. É incrível como a paleta de cores é perfeita e se encaixa com tudo, como se cada elemento estivesse milimetricamente posicionado para criar uma composição perfeita.
 Esse apelo visual é um diferencial em relação aos outros filmes da saga e só posso sentir muito por não terem usado essa ferramenta nas outras obras. A cor predominante é o laranja e dá pra notar isso em praticamente todos os frames. É arriscado porque por ser uma cor forte pode ficar muito esquisito, mas funcionou lindamente: é vibrante, é alegre, transmite calor, cria estímulos mentais e combina muito bem com o cenário pós-apocalíptico da vibe Mad Max que esse filme tem.
 Para complementar, como é visualmente lógico, também há bastante vermelho. Faz total sentido porque a cor representa a ação e o dinamismo, que tanto se encaixam à proposta desse filme. Ela transmite urgência e simboliza agilidade nessas cenas cheias de movimento e contrasta com o preto, normalmente presente nas vestimentas dos personagens e nas armas utilizadas.
 O preto tem uma simbologia bem popular e é fácil elencar alguns dos seus sentidos, mesmo pra quem não é muito ligado a esse tipo de linguagem. Ele é associado à força, à formalidade e ao misterioso. Além disso, passa uma sobriedade e ativa densas memórias emocionais sendo uma escolha maravilhosa para se relacionar a esses aspectos de batalha.
 Outra cor que é marcante é o branco, mas essa é utilizada de uma forma diferente. Estamos falando do futuro, então há uma grande preocupação com criar essa atmosfera futurista e promover a sensação real de que o que estamos vendo é resultado de uma gigantesca evolução tecnológica.
 Não quero entrar no aspecto desses avanços porque é difícil avaliar até que ponto são coerentes ou não, mas o uso de cores mais neutras, que contrastam com os tons alaranjados do resto da paleta, foram fundamentais para a criação dessa sensação. 
 Além de transmitir um ar maior de impessoalidade e de valorizar o espaço do ambiente, essa presença do branco passa uma noção muito forte de inovação e elegância. Foi uma jogada de mestre apelar para algo tão sensorial quando se trata de um filme com tantas cenas de ação.
 É tanta coisa pegando fogo, tanta gente sendo esmurrada, tanto tiro que se não fosse por esse aspecto mais perceptual, que cria toda uma simbologia que atinge diretamente nosso subconsciente, o filme se tornaria (ainda mais) cansativo.
 Se você gostou dos filmes anteriores, provavelmente vale a pena ver esse também. Não é uma maravilha cinematográfica, mas tem umas cenas legais, uns diálogos interessantes e, claro, essa bendita direção de arte pela qual fiquei completamente apaixonada. Se os outros não fizeram o seu gosto, no entanto, esse dificilmente fará porque foi bem mais fraco e lento - no sentido de evolução da trama mesmo porque, como já mencionei, ação tem bastante -, mas você ainda pode dar pelo menos uma olhadinha no trailer pra compreender essa belezura. Porém, aviso desde já: é desses trailers que revelam tudo. Tem spoiler não só dos filmes anteriores, como também desse, então assista por sua conta e risco.
 Pra não perder o costume, eis minha nota: Duas estrelas e meia. Dava pra ter esperado entrar no catálogo da Netflix? Provavelmente. Teve uma hora que tava tão arrastado que eu literalmente cochilei? Talvez. Mas ainda foi uma experiência interessante ver essa fotografia que me encantou numa tela de cinema.
 Agora resta esperar pelo último filme e, considerando o oceano de lágrimas que derramei lendo o livro, o choro que ele trará. Quem sabe esse vai ter a combinação de roteiro sensacional com fotografia maravilinda? Cruzem os dedos. Hasta luego, muchachos.

Só repetindo o aviso: Tem um monte de spoilers do filme nesse vídeo.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Vídeo: Harry Potter e a Pedra Filosofal #ProjetoHP


 Hoje é um dia mágico na interwebs. Depois de uma eternidade, não só comecei a ler Harry Potter, como aqui está uma resenha cheia de momentos de fangirl pra vocês. E, quando eu digo cheia, quero dizer cheia.
 Eu literalmente passei a maior parte do vídeo gritando, rindo e buscando palavras para descrever as maravilhas desse livro porque ele é incrivelmente sensacional. Se serve de consolo para quem insistiu que eu lesse: sim, estou arrependida por não ter começado antes. Mas, aí está. O primeiro vídeo de uma série que pretendo fazer resenhando cada um dos livros dessa saga maravilinda.
 Tem participação especial de uma Potterhead que fica brigando comigo  e/ou fazendo piada em grande parte do tempo, mas que é um unicorniozinho maravilhoso.
 E o universo é tão incrível que descobri que tem um projeto muito parecido acontecendo nesse exato momento: o #VamosRelerHP. Vários fãs da saga se reuniram para reler e resenhar essas obras maravilhosas da J.K. Rowling. Tem grupo no Facebook e tudo e quem quiser mais é só assistir a esse vídeo que a Ana fez explicando tudo.
 Vale responder à pergunta que eu fiz no vídeo nos comentários também, tá? Conta aí o que Harry Potter representa na sua vida e vamos debater. Beijos de luz.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Laércio e suas Lolitas

Parem de romantizar Lolita. (É sobre pedofilia)
 Desde que a lista dos participantes da nova edição do BBB foi divulgada, saiu um relato que denunciava a pedofilia e o estupro de vulnerável cometidos por Laércio. Apesar de não ter se espalhado tanto quanto a gravidade da coisa merecia, muita gente ficou sabendo e já estava esperando uma posição da emissora quanto a tudo isso. Tudo que se recebeu foi silêncio.
 Depois, dentro do próprio programa, ele relatou que gostava de embebedar meninas para se aproveitar do estado delas. E isso caracteriza estupro. Por mais que as pessoas queiram acreditar que esse termo reflete apenas agressões físicas, diminuir a capacidade de resposta de alguém afim de aproveitar-se disso de forma sexual é, sim, uma forma de abuso. Ou seja, um cara confessou que estuprava garotas em rede nacional, mas adivinhem? Nada foi feito a respeito.
 Outra coisa que ele comentou foi que era adepto do poliamor. Um modo de relacionamento aberto que permite que os membros mantenham um envolvimento sexual e/ou afetivo com outras pessoas simultaneamente. E isso é super aceitável. Se todas as partes estão de acordo, não faz mal a ninguém. O problema é que ele falou sobre uma parceira de 17 anos. Com 36 anos de diferença, ele podia, facilmente, ser o pai da garota.
 Já falei aqui antes sobre pedofilia e sobre como funciona mais ou menos a cabeça de uma adolescente que quer aprovação do meio adulto e quer afirmar a independência que só existe em sua cabeça por meio de atitudes irracionais, mas acho que sempre vale a pena relembrar. Não existe isso de menina que é muito adulta pra sua idade ou de que amadureceu muito rápido. Existe alguém que mal tem condições de tomar as próprias decisões sendo abusada por uma pessoa que deveria entender que é errado.
 A emissora tentou justificar o caso de todas as formas. Desde uma tentativa de piada infame de Pedro Bial fazendo referência a Lolita, um livro que fala sobre uma garota de 12 anos que se relaciona com um homem de meia-idade e que também é infinitamente romantizado* como se fosse um simples ~caso de amor~, até o depoimento de uma advogada que disse, em rede nacional, com todas as palavras: "Pedofilia não é crime".
 A internet fez uma campanha tão grande pra tirar o tal participante do reality (e conseguimos! YAY!) que a emissora ficou preocupada e levou uma advogada pra explicar a ~inocência~ do sujeito. Sem contar que, no começo da semana, Tiago Leifert, que é um apresentador da Globo, fez declarações parecidas no Twitter, indicando que não era crime coisíssima nenhuma.
 Mas, sinceramente, faz tanta diferença assim o que a Constituição diz? Ok, ótimo, bacana, beleza, está lá escrito que só é errado se o caso envolver menores de 14 anos, mas isso torna aceitável que um cara de 53 anos (CINQUENTA E TRÊS ANOS!) embebede garotas de 15 e as force em relações sexuais? 
 Li um negócio maravilhoso no Twitter, durante toda essa briga: Se a lei só fosse até 10 anos, isso tornaria aceitável o ~relacionamento~ entre um adulto e uma criança de 12 anos? Será que as pessoas têm tão pouco discernimento que são incapazes de entender que há absurdos que fogem do que é proposto por nossas leis, mas que continuam sendo tão horríveis e assustadores quanto o que está discriminado nelas?
 O que é mais perturbador de tudo isso é a veemência com a qual alguns defendem isso na internet. É tanta gente se posicionando a favor dele e tentando afirmar uma inocência inexistente que eu fico com medo do tipo de pensamento que está sendo espalhado por aí. Porque é, no mínimo, estranho que tanta gente ache interessante defender essa causa. Qual é o interesse que as pessoas têm nisso?
 Já deu pra notar que não vai mudar muita coisa agora que ele saiu do programa. Até agora só foi recebido com piadinhas de entrevistadores camaradas que acharam que tudo é muito engraçado e que ele é super moderninho e inovador. Se pedofilia for inovação, a Grécia Antiga é lançadora de tendências porque lá isso era muitíssimo frequente e era visto como algo totalmente legal. 
 Por causa desse tipo de posicionamento, realmente tem muitas Lolitas por aí. Que ouvem que meninas amadurecem mais rápido e que elas são tão maduras para a idade que só um cara que tem mais do dobro da idade delas é capaz de fazer jus ao que elas merecem. Mas não é apontando o dedo pra elas e as culpando que as coisas serão resolvidas.
 Quanto mais excluídas elas são, mais vão buscar apoio com esses homens que não têm caráter. São eles os errados. Não faz sentido acreditar que em um relacionamento de uma menina de 15 anos com um adulto que tem mais de 50 é dela a responsabilidade e a função de negar. As adolescentes agora têm a função de educar os adultos? Eles não sabem diferir o que é certo do que é errado?
 Por isso, para as Lolitas, só posso desejar que sejam acolhidas, aconselhadas e livradas das mãos dos Humbert Humberts que existem por aí. E, para eles, que a impunidade desapareça e que sejam finalmente vistos como o que são: os verdadeiros culpados.

*Romantizado pelo público porque o escritor já afirmou muitas vezes que não era um romance, mas uma denúncia. 

sábado, 9 de janeiro de 2016

Quem é essa aí, papai?

Sobre essa mania de perpetuar rivalidade feminina.
 A interwebs enlouqueceu na última semana com um vídeo em que Ivete Sangalo chama a atenção do marido, que estava conversando com uma outra mulher durante o show dela. Nele, ela reclama que eles têm muito assunto e pergunta quem é a dita cuja. Muita gente achou engraçado, fez memes e um monte de piadas porque, enfim, é assim que as coisas acontecem na internet. E aí teve quem problematizasse e dissesse que Ivete estava errada porque quem tem compromisso com ela é o marido.
 Eu concordo que a mulher não deve fidelidade a ninguém e que, independente da forma que reagiu ao boom que o vídeo recebeu, não tem nada a ver com isso e não é obrigada a nada. Enquanto ele for o que é casado, é ele que deve respeito à esposa e isso é uma missão que não divide com ninguém. Mas, nada tem só uma perspectiva.
 É possível que algumas mulheres flertem com ele. Já deve ter acontecido muito, inclusive. Mas e aí? O que elas têm a ver com isso? Se elas estão solteiras, não estão traindo ninguém, né? Mesmo que saibam do estado civil do moço, é ele que deve negar e cumprir o acordo matrimonial que foi proposto.
 Isso quer dizer que acho que é ótimo, maneiro, legal e super recomendado dar em cima de mocinhos comprometidos? Claro que não. Inclusive, acredito que também tem super a ver com o feminismo respeitar a mulher com quem ele está. Porque, por mais que você não tenha estabelecido nada com ela, tem tanto homem no mundo, né? Não vale a pena magoar uma outra mulher querendo flertar com o que é casado com ela.
 O que eu queria entender mesmo é por que o primeiro reflexo de Ivete e da internet inteira é apontar o dedo pra ela? Isso não é um caso isolado. Não é a primeira e, infelizmente, não é a última vez e com certeza a cantora baiana não foi a responsável por criar esse posicionamento.
 A tendência é essa mesmo: criticar a mulher e deixar o homem pra lá. Seja ela a mulher que traiu, a que foi traída ou a com quem se traiu, sempre é culpa dela. É um coro entoando de que ela está sempre errada, não importa o que faça.
 Se você tem um namorado e ele te traí com alguém, o primeiro reflexo é culpar a amante. O segundo é se culpar. Ela deu em cima dele, ele não resistiu, é inocente. Você não deu atenção suficiente, não fez o que ele queria, fez por onde. Mas, caramba, será que os homens são tão desprovidos de discernimento assim?
 Será que são incapazes de determinar o que é certo e o que é errado e de respeitar o relacionamento monogâmico que foi estabelecido? É preciso manter o seu namorado numa bolha para que ele não tenha contato com ninguém que manifeste interesse por ele porque, caso contrário, ele não vai conseguir evitar a traição? Não faz o menor sentido.
 Essa competição feminina que gira em torno da atenção de um cara que sequer é capaz de respeitar a mulher com quem está é inútil e recebe muito mais adeptas do que deveria. Não existe essa de amiguinha do seu namorado. Ele sabe muito bem que se está com você é porque quer. A menos que ele esteja preso no pé da sua mesa, não há nada que o impeça de terminar o relacionamento e sair com quem quiser. A culpa não é sua, a culpa não é dela, a culpa é exclusivamente dele.
 Se fosse ao contrário, se você o traísse, de quem seria a culpa? Alguém diria que ele não deu a atenção que você merecia ou que o cara com quem você o traiu estava errado por flertar com você? É claro que não, todos os olhares se virariam para a mais nova adultera.
 Nós somos treinadas a ver as outras mulheres como inimigas e homens são o maior prêmio de todos. Não é culpa de Ivete, nem da mulher que estava conversando com o marido dela e nem das meninas que compartilham esse vídeo a parabenizando. Tem toda uma conjuntura social por trás disso porque enquanto a atenção feminina estiver voltada para um combate interno, todos os problemas que fogem dessa perspectiva serão ignorados.
 Então, mais amor pelas minas. Mais cumplicidade, mais irmandade, mais união entre nós. E menos valorização de XY que permanece com o ego intacto enquanto competimos umas contra as outras. Se for pra lutar, que estejamos do mesmo lado.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sobre Jelena e essa insistência do Justin Bieber

Eu toda vez que alguém fala que quer que Justin e Selena voltem a namorar.
 Faz um tempão que surgiu toda essa confusão do Justin Bieber com a Selena Gomez e desde sempre estou louca para falar sobre isso. Acho que é importante analisarmos tudo que está acontecendo em uma perspectiva diferente da de simplesmente encarar a vida das celebridades como uma novelinha porque, por mais surpreendente que soe, eles são pessoas reais. A gente tem tendência a esquecer isso porque costumamos simplesmente endeusa-los, mas os problemas deles não se resumem à dificuldade de achar algo pra usar em uma premiação.
 Eu não gosto do Justin. Não gostava antes, não gosto agora e acho difícil que um dia comece a gostar. Minha opinião sobre ele não mudou com o álbum novo e quero morrer toda vez que alguém coloca Sorry pra tocar. Desculpa. Mas, isso não tem nada a ver com o que eu acho de todo esse assunto porque também não sou fã da Selena e sei, no máximo, umas duas músicas dela, do período que ela ainda estava na Disney. Juro juradinho.
 Mas, invés de nos determos a quem são os dois e o que eles representam na mídia, vamos imaginar um cara aleatório. Um mocinho que estuda inglês com você, por exemplo. Ele é o estereótipo de bom garoto e acaba se apaixonando pela melhor amiga, que você conhece porque frequenta a mesma livraria que você e também é louca pelo seu escritor favorito. Você não vai muito com a cara dele, mas sei lá, vai que dá certo, né? Eles parecem fofinhos juntos.
 Algum tempo passa e você descobre que eles têm aqueles relacionamentos de mola que acabam mil vezes ao mês, mas ok. Um monte de gente tem. Nada demais. Só que um dia ela cansa, não quer mais ficar terminando e voltando porque, por mais que goste dele, percebe que é só um enorme cansaço emocional se prender a esse relacionamento que claramente não está dando certo.
 Ele não entende isso. Não respeita. Fica postando textões no Facebook falando sobre amor e sobre como a quer de volta. Vídeos, fotos, um monte de coisas dos dois que só reforçam a ideia de que eram um casal perfeito. E todo mundo acha a coisa mais linda do mundo. Olha esse menino, que romântico! Que adorável, gosta tanto dela. Mocinha, volta com ele, vai. Você não percebe que ele te ama?
 Todo mundo fala tanto, elogia tanto, lembra tanto o que eles tinham de bom e comenta sobre como eles pareciam combinar perfeitamente ao andarem de mãos dadas por aí que ela aceita sair com ele mais uma vez. E vira um grande alvoroço porque nessa altura não há quem não tenha visto tudo que ele disse sobre ela na internet e as pessoas estão torcendo para que eles voltem.
 Ele faz um post sobre terem saído juntos que aumenta a esperança dos amigos que curtem e comentam sem parar. Todos sabiam, todos esperavam, quando vão voltar o status para o de relacionamento sério? Mas ninguém estava lá enquanto eles brigavam pelas mínimas coisas. Ninguém mais sabe como era por trás do que mostravam por aí. O namoro deles ia além de declarações públicas que eram feitas online e além dos encontros que todo mundo via. E não era nada bonito por trás disso.
 Agora imagina tudo isso aí quando todo esse relacionamento está na mídia e sendo compartilhado com uma legião de milhões de fãs que postam fotos todos os dias. É mais ou menos assim que a Selena deve se sentir. Cansada desse relacionamento que, pra ela, já deu o que tinha que dar, mas pressionada por um monte de gente que acha que o Justin é o amor da vida dela e a ama imensamente.
 Não posso afirmar que ele faz isso de má fé e que usa a atenção da mídia pra convencê-la a voltar com ele porque não o conheço e não tenho como saber. Mas, seja de propósito ou não, a forma com a qual os fãs agem deve estar sufocando a garota. Eu estaria sufocada, você não estaria?
 São entrevistas diárias em que ele fala sobre como as músicas que escreveu são pra ela, sobre como a ama, sobre como são feitos um para o outro. E, poxa, já deu, né? Tá sentindo falta dela, manda uma mensagem. Fala com ela. Precisa mesmo contar a todo mundo?
 Entendo que a gente é direcionado a ver esse tipo de atitude como prova de amor, mas não é isso que representa. Pressionar alguém a voltar com você por meio da mídia não é romântico, é abusivo. Então, por favor, não vamos deixar o desejo de vermos casais que gostamos juntos ofuscar o que há de errado com eles. Nem reforçar o falso romantismo desse tipo de coisa.
 Parece romance, mas é uma cilada, Bino. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Vídeo: Anão de ouro 2015

 Hoje faz exatamente um ano que eu escrevi um textinho sobre como felicidade é um negócio complexo e que não pode ser planejado e que comecei esse bloguinho onde vocês estão. E nem eu acreditaria que um ano depois, mesmo tendo sido tão negligenciado, ele continuaria existindo porque juro juradinho que desconheço alguém que tenha abandonado tantos blogs durante a vida quanto a que vos fala. Mas, ele ainda está aqui. E existem pessoas reais que sabem da existência dele por mais assustador que isso soe. 
 O vídeo nem é sobre isso e, pra ser sincera, nem mencionei esse mágico fato de que 365 dias passaram e ainda estou aqui, mas eu achei que precisava falar que foi uma surpresa maravilhosa. Foi uma surpresa incrível ter gente fofa e linda comentando que tinha visto o que eu tinha escrito/gravado ou reclamando comigo porque eu sou o pior projeto de blogueira e passo quinhentos e trinta e dois anos sem escrever. Vocês são sensacionais.
 Mas o que é isso de anão de ouro? Sou eu sendo eu e fazendo um trocadilho besta porque tcharam! Eis a minha premiação de livros do ano baseada em umas categorias que eu criei de uma forma levemente roubada. Tudo certo, nada errado.
 Até agora estou com um apertinho no coração por não ter mencionado certas obras, mas tudo bem. Vida que segue. Espero que vocês gostem dos livros e não deixem de comentar se já leram ou querem ler algum. Feliz ano novo, vocês são uns pôneis maravilhosos!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ode às marimbas de 2015

 Dezembro sempre foi o meu mês favorito porque eu sou apaixonada por todas as comemorações que ele traz e, especialmente, por essa ideia de transição de um ano para outro que carrega um monte de esperanças e expectativas. É só um número diferente no calendário? É. Mas é inegável que se a gente quiser pode ter uma representação muito mais forte.
 Para a maioria das pessoas que eu conheço, 2015 foi um ano muito difícil. No meio de um monte de problemas financeiros ou relacionados à saúde e a relacionamentos, tá todo mundo de dedos cruzados para que 2016 seja mais fácil e mais leve. Seja acreditando em superstições, fazendo listas ou só desejando para que o universo traga algo melhor, tá todo mundo na expectativa e, apesar de tudo, acho isso a coisa mais adorável do mundo. É um aglomerado de boas energias e de boas vibrações que emanam por aí e não é possível que não saia algo de bom disso, né?
 Pra mim o ano começou com a viagem pela qual eu mais esperei na vida. Ao lado da minha família, pude conhecer alguns lugares pelos quais sempre esperei passar e que me renderam memórias que são completamente inesquecíveis. E aí, logo quando voltei, a vida deu aquele velho giro de 180 graus me fazendo sair da minha bolha de conforto e me levando pra morar em uma cidade diferente, com pessoas diferentes e um monte de experiências completamente assustadoras.
 Tive que aprender a cozinhar, a criar uma rotina para limpar a casa, a lidar com não estar mais no ensino médio, a administrar ficar doente longe do colo da minha mãe e a fazer mais coisas sozinhas do que eu estava acostumada. Logo eu, que sempre falei que gostava de fazer as coisas ao meu tempo e do meu jeito, descobri que não era tão fácil assim quando tudo tem que acontecer conforme o seu planejamento.
 Não é tão legal pegar um ônibus para ir ao centro da cidade sem ninguém, nem sentar numa cadeira da praça de alimentação e comer sozinha. Mas, a gente vai e faz e, no final das contas, é só mais uma coisa que se aprende. Dá pra viver assim, por incrível que pareça.
 Enquanto eu tinha meu coração cada vez mais apertado por estar longe da minha família e de muitos dos meus amigos, eu conheci um monte de gente nova e maravilhosa, vi amizades se tornarem cada vez maiores e mais intensas e até virei vizinha de alguém que conheci no Twitter.
 Descobri que o curso que eu tinha escolhido era bem diferente do que eu tinha imaginado e que isso não o impedia de ser infinitamente melhor e mais apaixonante. Fiz parte da criação de um curta, de um documentário e, não podemos deixar de mencionar, de um blog e de um canal do YouTube. Participei de uma Maratona Literária, li Guerra dos Tronos, assisti a um monte de filmes que todo mundo já tinha assistido e cobri um festival de cinema maravilhoso.
 Me afastei um pouco da internet, ou pelo menos de como eu costumava vê-la, descobri um monte de séries incríveis, conheci o Josh Radnor e a pequena sereia e montei a minha primeira árvore de natal da vida adulta. Ah, isso também. Fiz 18 anos e depois de várias tentativas tenho quase certeza de que consumir bebidas alcoólicas não é pra mim. Nem cigarro. Falhei miseravelmente em ser uma garota de Tumblr.
 Conheci feministas maravilhosas que me fizeram amar esse movimento ainda mais e vi um monte de amigas descobrirem quão maravilhoso ele é. Comecei a entender astrologia e fiz mais mapas astrais do que eu posso me lembrar. Descobri e redescobri o amor por certos OTPs* e escrevi umas fanfics. Abandonei meu projeto de livro e me arrependi. Escrevi sobre cinema, seriado e problematizei loucamente nesse bloguinho em que vocês estão agora.
 Publiquei uma matéria em um jornal e superei minha vergonha para fazer umas entrevistas. Ganhei alguns centavos com o YouTube e pulei de felicidade como se fosse a mais nova milionária do Brasil. Gravei muitos vídeos no Snapchat falando sobre a vida, janelas e o risco de morrer ao comer pão fora de validade (update: tá tudo bem!). Assisti a uma peça na Broadway e a umas palestras feitas por gente super inteligente. 
 Voltei ao meu colégio do ensino médio mais vezes do que seria considerado são e chorei vendo fotos da minha família reunida quando eu estava longe. E entendi tudo isso porque descobri o que ter ascendente em câncer significa, então tudo bem. Conheci um XY que é incrivelmente amável e maravilhoso. Aproveitei as quartas-feiras maravilhosamente bem depois de ter descoberto uma promoção do dobro de pizza pelo preço de uma. Finalmente entendi o que significa quando dizem que amigos são a família que a gente escolhe porque, quando se está tão distante da sua, são eles que ajudam a segurar a marimba**.
 E esse foi definitivamente um ano em que as marimbas estavam especialmente difíceis de serem seguradas. Mas, entre mortos e feridos, estamos todos aqui e é isso que importa. Sobrevivemos. E que venham as novas marimbas, as novas experiências, os novos aprendizados. Um feliz ano pra todo mundo e que tudo seja infinitamente mais incrível em 2016. Vejo vocês ano que vem (porque eu não podia perder a piada)! 

*OTP = one true pairing. Um casal maravilhosinho que faz seu coração se aquecer, basicamente.
**Se você não entendeu nada disso de marimbas, o que você anda fazendo na internet? Corre aqui.