segunda-feira, 20 de abril de 2015

Resenha cinematográfica: Histórias de Amor


 Recém-divorciado e sentindo-se desmotivado em relação a seu trabalho, Jesse Fischer (Josh Radnor) volta para a faculdade em que se formou a convite de um dos seus professores favoritos e acaba se apaixonando por Zibby (Elizabeth Olsen), uma universitária que é 16 anos mais nova que ele. O filme, dirigido e escrito por Radnor, é um romance leve e de muitíssimo bom gosto.
 É impossível, no entanto, falar desse filme sem mencionar a tradução do título. Em algum universo paralelo, alguém achou que seria legal traduzir Liberal Arts como Histórias de Amor e eu gostaria de deixar claro que discordo dessa pessoa. Apesar do título em português ser bem comercial, ele diz tão pouco da história em si que acho um absurdo que tenham aprovado essa mudança.


 Só comecei a assistir o filme porque, enquanto procurava outra coisa, vi o Josh Radnor e não pude resistir. Tenho uma relação de amor e ódio com ele porque apesar de achá-lo um amor de pessoa e amar todas as obras de que ele faz parte, tenho a impressão que todos os papéis dele são exatamente iguais. Não sei se é porque assisti nove temporadas de How I Met Your Mother e deixei isso fixo na cabeça, mas sempre soa como se fosse a mesma coisa. Além desse filme, tive a sorte de assistir a uma peça em que ele atuava e... Sei lá. São personagens legais e relativamente expressivos, mas são super parecidos.
 Além disso, no elenco do filme está o Zac Efron, sempre sendo o personagem belíssimo porém nem-tão-expressivo-assim, que, mesmo com as falhas, amo e duas Elizabeths: a Olsen e a Reaser. Talvez eu seja muito chata, mas nenhuma das duas me surpreendeu muito. A primeira (que é a Feiticeira Escarlate de Os Vingadores) é uma fofa que dá vontade de abraçar eternamente, mas não se solta muito nos momentos de tristeza. Em uma das cenas, ela começa a chorar e ter um ataque e, nossa, deu muita preguiça. A segunda já fez parte de Grey's Anatomy e tem uma parte bem pequena no filme, mas parece sempre que está forçada. Uma surpresa positiva foi a atuação do John Magaro, de quem eu nunca tinha ouvido falar antes, mas que tem uma capacidade incrível de passar uma tristeza e melancolia que achei muito legal. Além disso, a sempre rainha e eterna Ellis Grey, Kate Burton e a Allison Jenney, deram o ar da graça, sendo maravilhosíssimas. 


 Preciso de um parágrafo inteirinho para declarar meu amor pela fotografia desse filme. Sério. Fiquei apaixonada pelos cortes e pela edição. Uma cena que retrata muito a maravilhosidade dessa fotografia é uma em que o personagem do Josh está calculando/pensando e eles mostraram de uma forma que soou bem natural. Claro que o espectador sabe que a única função do momento é passar a ideia do pensamento do personagem, mas rolou muito bem. Além disso, tudo parece combinar: os cenários e os elementos que aparecem são de uma harmonia incrível.
 A trilha sonora é outra coisa maravilhosa e que tem um papel muito importante na história já que é a ponte para a formação de uma das relações do filme. Aliás, quando se trata de desenvolvimento de relações, acredito que a obra tenha deixado a desejar porque algumas parecem ter acontecido tão rápido que você sequer pode apreciar.


 É humanamente impossível não falar de algo que me incomodou no filme: só tem gente branca, hétero e magra. É um desses filmes sem a menor representatividade, então não dá pra não torcer o nariz. Além disso, há um momento em que uma personagem praticamente ~implora~ para que um cara faça sexo com ela e isso me deixou absurdamente triste. Aliás, em uma trama que trata essencialmente do romance entre um casal que tem 16 anos de diferença, é inevitável apontar esses erros em questões sociais.
 No geral, o filme é bem legal e recomendável, apesar das ressalvas. Ele está no Netflix e, em minha opinião, é digno de três estrelas e meia.


2 comentários:

  1. Uai! Ser hétero, branco e magro deixou de ser representativo????

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    1. O problema é que, na vida real, há mais que isso. É impossível sair de casa e não encontrar com, no mínimo, uma pessoa que fuja do padrão, logo, se a função de filmes como esse é representar a realidade, não faz o menor sentido que, no cinema, essas pessoas não sejam personagens. É ilusório, sabe? Isso não quer dizer que não devem existir representantes brancos, magros e héteros nos filmes, só que eles não devem ser a maioria esmagadora. :-)

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