quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Resenha de quinta: Passarinha, da Kathryn Erskine



Coloquei esse livro na TBR da Maratona Literária sem muita pretensão. Eu precisava de um livro de drama para completar a lista e todo mundo estava falando bem dele, então as coisas se combinaram e acabei o acrescentando, mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa.
 E ainda bem que fui curiosa e que tudo aconteceu ao mesmo tempo porque esse livro me ganhou desde as primeiras páginas e foi um dos melhores que li no ano.

ENREDO
 O livro fala sobre a Caitlin, uma menina de onze anos portadora de Síndrome de Asperger, que acabou de perder o irmão mais velho, Devon, em um ataque de atirador.
 O garoto era não só o melhor amigo dela, como também um peça importante no seu processo de adaptação e de conhecimento em como lidar com o Asperger. Sem ele, tanto ela quanto o pai se veem perdidos e tem que aprender a resignificar suas relações, enquanto lidam com o luto e com todos os sentimentos naturais de uma perda tão forte quanto essa.
 Ao mesmo tempo, sua orientadora tenta fazer com que ela possa desenvolver melhor suas habilidades sociais, com missões como fazer novos amigos, aproveitar o recreio (que, para Caitlin, é "a pior matéria") e desenvolver empatia, já que esse é o último ano dela na escola em que estuda no momento, no próximo ela vai para o colégio no qual seu irmão morreu.

NARRATIVA E RITMO DE LEITURA
 Um dos diferenciais do livro é que ele é narrado em primeira pessoa, então dá pra se sentir dentro da cabeça da Caitlin. É possível vê-la se incomodando com as cores, repetindo as regras sociais que aprendeu com seu irmão e fazendo "bicho de pelúcia", uma tática para lidar com o que a incomoda.
 Isso passa uma sensibilidade incrível e é um ponto de vista maravilhoso para ajudar o leitor a compreender o que realmente está acontecendo e como a personagem se sente em relação a essas coisas. 
 Como a narrativa se desenvolve inteiramente conforme os pensamentos de Caitlin, a leitura se torna mais produtiva e leve, apesar de sua enorme carga emocional. Ela é uma narradora engraçada e que tem uma visão diferente sobre tudo o que acontece.
 Outra coisa que acho louvável na escrita da autora é fazer sutis alterações na narração de acordo com a forma com que o modo que Caitlin pensa muda. Na sua busca por empatia, por exemplo, é possível ver a diferença na indicação da presença dos outros personagens que, com o passar do tempo, ganham mais importância.

DESENVOLVIMENTO DOS PERSONAGENS
 Esse é um dos livros em que os outros personagens recebem mais atenção do que uma simples apresentação superficial. Eles são mostrados como pessoas de verdade, que tem um papel na vida de Caitlin e que são afetados pelo modo com o qual ela os trata e com o que ela representa em suas vidas.
 Os colegas de classe e professores de Caitlin e a forma com que eles lidam com a sua síndrome e com um outro colega que tem espectro autista são explorados, assim como a adaptação do pai dela com a nova fase na qual ele já não pode mais contar com o auxílio de Devon e a relação de outras pessoas com as mortes causadas pelo atirador.
 Além disso, a própria Caitlin tem que passar pela sua busca pelo desfecho, que é a forma que achou para tentar superar a morte do irmão e seguir em frente sem sua presença.


OPINIÃO FINAL
 Esse livro aqueceu meu coração de várias formas diferentes, em muitos momentos. A narrativa é incrível, os personagens são maravilhosos e a Caitlin é, sem dúvidas, encantadora. Não há nada que tenha me deixado desapontada e que não tenha me dado vontade de ler o mais rápido possível.
 É uma história curta, que dá pra ler facilmente em um dia, mas que traz uma percepção diferente sobre muitas coisas da forma mais pura de todas. Todas as pessoas do mundo merecem ler e ter um pouquinho da sabedoria e de todos os ensinamentos que a Caitlin tem a passar. Cinco estrelas.

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