segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Arquivo S: Cake, Uma Razão para Viver

 Sei que Jennifer Anniston é praticamente um amor universal, então imagino que todo mundo entenda a sensação de ir assistir a algo sem sequer saber direito sobre o que se trata só pela atuação dela. Foi exatamente assim que aconteceu comigo em relação a Cake, um filme do ano passado, no qual ela interpreta a protagonista.
 Desde o começo, a proposta foi apresentar um lado diferente da atuação dela, fugindo dos papeis mais comerciais que ela tinha interpretado nos últimos anos. E que diferença: a personagem mal-humorada, desbocada e, por vezes, rude combinou com Jennifer de uma forma extraordinária.

ENREDO
 Cake, que recebeu o maravilhoso subtítulo de Uma Razão para Viver (que poderia ser muito bem o nome de uma novela mexicana), fala sobre Claire, uma mulher que sofre com dores crônicas e depressão. Depois que Nina (Anna Kendrick), uma das mulheres do grupo de apoio que frequenta, comete suicídio, ela fica obcecada em saber mais detalhes sobre o acontecimento.
 A obsessão é tanta que inclui visões e conversas com a personagem de Anna Kendrick e visitas à sua família. De alguma forma, o foco de Claire na vida de outra pessoa a ajuda a ver seus problemas com mais facilidade e a impulsiona a fazer pequenas mudanças.

ELENCO
 É impossível não falar de como o papel foi absorvido e interpretado perfeitamente por Anniston. A personagem não era fácil e sua condição exigia uma preparação física e emocional que a atriz conseguiu dominar de modo fantástico. Por se tratar de alguém que sente muitas dores, era preciso a capacidade de demonstrar de forma não caricaturesca a situação, com uma movimentação comedida e expressões faciais que tinham que combinar com o estado do corpo. E funcionou super bem.
 Outra que é maravilhosa e que, inclusive, tem uma indicação ao Oscar no currículo é a Adriana Barraza, que interpreta a empregada de Claire. Cheia de cuidados que vão bem além do que se cobraria, a personagem é linda e tem uma sutileza misturada com o humor involuntário, sendo extremamente cativante.
 Anna Kendrick teve o desafio de interpretar as visões de Nina tidas por Claire e isso também exigia muito. Apesar do aspecto ter sido trabalhado menos do que deveria e do que seria lógico para construir o roteiro, houve um desenvolvimento que combinava com a forma que a própria Claire se via e o papel combinou muito com Kendrick, que também é um amorzinho em forma de pessoa.

FOTOGRAFIA
 A direção de arte desse filme é genial. As cores se tornaram, em muitas cenas, praticamente personagens da obra. A sobriedade em momentos de tensão e a quebra dos tons pastéis para representar a mudança foram transmitidas de forma fantástica.
 Outra coisa que me chamou atenção foi o uso da regra dos 2/3, que representa esse enquadramento em que o elemento fica no cantinho da cena. Os planos foram, no geral, bem abertos, acredito que para enfatizar essa questão das paletas de cores como elementos da narrativa.
 Apesar disso, também foram usados planos com foco nos rostos dos personagens, para ajudar a transmitir as emoções que eram, também, traços importantíssimos da trama.

OPINIÃO FINAL
 Sei que já deixei isso bem claro, mas pra mim o grande destaque desse filme foi a atuação da Jennifer Anniston. Tava linda, maravilhosa, sensível e mostrou que sabe sim atuar em coisas diferentes das comédias românticas que costuma fazer.
 Como mencionei antes, esse aspecto da obsessão da Claire em relação a Nina poderia ter sido mais trabalhado porque dá a impressão de que nem foi tão importante assim no fim das contas. Apesar disso, gostei muito do tom humorístico no meio de toda a tensão porque funcionou super bem.
 Senti falta de um pouquinho mais de desenvolvimento dos outros personagens, mas como era um roteiro muito emocional e focado na protagonista, acredito que não seja exatamente uma falha, só uma decisão narrativa.
 No geral, é um filme super interessante e que, com certeza, vai encher de orgulho o coração de quem já ama a Jennifer. Quatro estrelas.

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