Esse texto é parte de uma série com os posts que escrevi para o meu blog antigo.
Você smurfou com a garota errada. |
É
muito difícil que você nunca tenha ouvido falar dos Smurfs. Além do desenho dos
anos 80, a franquia inclui dois filmes hollywoodianos e alguns jogos espalhados
por toda a internet. As pequenas criaturinhas azuis representam (e nomeiam) o
fenômeno notado por Katha Politt: O princípio da Smurfette.
Smurfette
é a única representante feminina da comunidade e é disso que o princípio se
trata: o costume de que filmes, séries, livros e histórias e quadrinhos tenham
apenas uma mulher. Muitas vezes, sexualizada e retratada com roupas justas e
curtas, numa clara tentativa de agradar e atrair o público masculino com a
sensual e indefesa personagem. O estereótipo de garota legal é normalmente
seguido: ela é bonita, inteligente (mas não mais que o personagem por quem se
apaixona) e nunca reclama – quando o faz, em seguida pede desculpas, mesmo que
tivesse razão na briga -.
A
Smurfette em questão pode corresponder tanto a apenas uma personagem feminina,
quanto a singularidade de um representante negro, homossexual ou pertencente a
qualquer minoria. Basta parar pra observar os cartazes no cinema que a ideia
vai ficar óbvia. A ideia dos roteiristas e autores é, mesmo que
inconscientemente, garantir a representatividade, mas mantê-la ainda em papel
secundário.
O
cinema vem mudando e nos presenteando com várias personagens femininas que,
além de fortes, não estão lá com o papel de mãe/namorada/irmã, nem de forma
sexualizada, mas ainda há muito o que melhorar. O público está cada vez mais
crítico. Prova disso é o Teste de Bechdel, que determina que os filmes com
representatividade feminina devem ter, no mínimo, duas mulheres, com nomes, que
tenham uma cena em que conversem entre si sobre algo que não seja relacionado a homens.
Apesar da margem de erro do teste, ele já é um sinal de que a audiência
se tornou mais exigente.
Não
basta uma personagem feminina de fundo, pronta pra ajudar, queremos
protagonistas inteligentes e independentes. Não dizem que a vida imita a arte?
Está mais do que na hora da arte imitar a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário