quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Princípio da Smurffete e representatividade feminina

Esse texto é parte de uma série com os posts que escrevi para o meu blog antigo.

Você smurfou com a garota errada.
 É muito difícil que você nunca tenha ouvido falar dos Smurfs. Além do desenho dos anos 80, a franquia inclui dois filmes hollywoodianos e alguns jogos espalhados por toda a internet. As pequenas criaturinhas azuis representam (e nomeiam) o fenômeno notado por Katha Politt: O princípio da Smurfette.
 Smurfette é a única representante feminina da comunidade e é disso que o princípio se trata: o costume de que filmes, séries, livros e histórias e quadrinhos tenham apenas uma mulher. Muitas vezes, sexualizada e retratada com roupas justas e curtas, numa clara tentativa de agradar e atrair o público masculino com a sensual e indefesa personagem. O estereótipo de garota legal é normalmente seguido: ela é bonita, inteligente (mas não mais que o personagem por quem se apaixona) e nunca reclama – quando o faz, em seguida pede desculpas, mesmo que tivesse razão na briga -.
 A Smurfette em questão pode corresponder tanto a apenas uma personagem feminina, quanto a singularidade de um representante negro, homossexual ou pertencente a qualquer minoria. Basta parar pra observar os cartazes no cinema que a ideia vai ficar óbvia. A ideia dos roteiristas e autores é, mesmo que inconscientemente, garantir a representatividade, mas mantê-la ainda em papel secundário.
 O cinema vem mudando e nos presenteando com várias personagens femininas que, além de fortes, não estão lá com o papel de mãe/namorada/irmã, nem de forma sexualizada, mas ainda há muito o que melhorar. O público está cada vez mais crítico. Prova disso é o Teste de Bechdel, que determina que os filmes com representatividade feminina devem ter, no mínimo, duas mulheres, com nomes, que tenham uma cena em que conversem entre si sobre algo que não seja relacionado a homens. Apesar da margem de erro do teste, ele já é um sinal de que a audiência se tornou mais exigente.
 Não basta uma personagem feminina de fundo, pronta pra ajudar, queremos protagonistas inteligentes e independentes. Não dizem que a vida imita a arte? Está mais do que na hora da arte imitar a vida.

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