Há umas semanas fui a uma palestra sobre jornada do herói, jornalismo, o nosso papel social e mais um monte de outras coisas. E, apesar de esse não ter sido esse o tema da apresentação, uma das coisas que mais me chamou atenção no que foi dito pela professora foi a ideia de vivermos em um ciclo de vida, morte e ressureição. De hábitos, etapas e pedaços de nós mesmos.
No momento em que você aprende a andar, uma etapa morre. Uma versão sua que tinha que engatinhar e ser carregada por aí dá lugar a uma que consegue se locomover com uma desenvoltura muito maior. Quando você aprende a andar de bicicleta ou a dirigir, suas versões anteriores são substituídas por uma que tem a nova habilidade adquirida.
A mesma coisa com o fim do ensino fundamental. Depois dele, um novo mundo se abre, um no qual você é alguém diferente, com necessidades e conhecimentos não antes descobertos. E o ciclo continua quando o aluno de ensino médio que você foi torna-se um universitário. Depois um mestrando. Um doutorando. Um funcionário de uma empresa ou um empregador.
Morte é um termo que assusta as pessoas. Uma palavra da qual muitos fogem porque assumem que é necessariamente ruim. Mas, quando se trata de morte de maus hábitos ou de uma ideia pronta para ser aprimorada, ela soa até mais vívida que o próprio conceito de vida como é apresentado.
É preciso saber deixar ir o que não serve mais. Se as mortes literais já são tão difíceis, por que dificultar até as que só usam essa palavra aterrorizante para demonstrar esperança?
A morte de amizades tóxicas, de relacionamentos abusivos, de ideais cruéis e da falta de amor próprio. A morte de todas as coisas ruins que nos atrasam e nos prendem, impedindo que saibamos o que fazer dali em diante. Essas aí valem a pena serem vividas cada pedacinho com intensidade e atenção.
Não quero soar suicida. Na verdade, isso tudo nem é sobre a morte. Ela é só o que acontece durante um ciclo cujo ponto inicial é a vida. É preciso viver todas as inúmeras vidas a que temos acesso durante toda a jornada. Viver intensamente, aproveitando o que acontece dentro delas e vendo o que nos resta depois das mortes a serem enfrentadas. Encarar a morte como o fim ou como o pontapé para o começo só depende do seu ponto de vista.
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