domingo, 10 de maio de 2015

Sobre a melhor mãe do mundo


 Assim como um monte de gente ao redor do mundo, acredito que tenho a melhor mãe que poderia existir. No meu mundo, pelo menos, não existe ninguém melhor. Nenhuma pessoa é mais compreensiva, inspiradora e preciosa que a minha mãe. Ninguém tem as mesmas habilidades e os mesmos talentos tão mágicos e únicos que parecem superpoderes.
 Ela é a única pessoa que, por telefone, consegue saber que estou triste, descobrir o motivo e solucionar. Tudo sem que eu sequer diga o que está acontecendo. É a única que tem paciência suficiente para me ouvir tagarelando sobre feminismo e toda as injúrias do patriarcado, ou fingir que tem, pelo menos. A única que, segundos depois de reclamar comigo, me pede um abraço que sabe que nunca conseguirei negar.
 E há tantas coisas pelas quais eu a admiro. Ela é uma das pessoas mais inteligentes que eu já vi. Não só em relação ao campo acadêmico - apesar de essa também ser uma das áreas em que ela é boa -, mas em relação a tudo. É o tipo de pessoa com quem você pode conversar sobre qualquer coisa e, de alguma forma, sempre vai acabar aprendendo algo. 
 Além disso, ela é altruísta ao extremo. Aliás, isso é uma coisa que as vezes me irrita porque todas as pessoas sempre recebem mais atenção que ela em sua própria vida. Ela se preocupa tanto com todo mundo, distribuindo carinho e conselhos quando vê alguém que sabe que precisa que isso faz com que esqueça de cuidar de si mesma. Que esqueça que existe gente que se acha autossuficiente e que não lida bem com a preocupação alheia. Ela ignora tudo isso, tentando ajudar de uma forma incrivelmente verdadeira, de vez em quando se deparando com uns idiotas, mas nunca deixando de ser fiel ao que acredita.
 Ela se esforça ao máximo em tudo com que se compromete. Não sabe se doar pela metade ou fazer as coisas mais ou menos, faz tudo com amor e dedicação e o resultado é sempre maravilhoso. É por isso que ela praticamente não tem tempo livre, até as atividades que deveriam ser relaxantes são transformadas em missões que exigem concentração máxima em suas mãos.
 Há um milhão de situações que me fazem ter certeza de que ser mãe é uma dessas habilidades que ela domina com proeza. O fato de ela sentar ao meu lado e conversar comigo enquanto choro no meio de crises existenciais. A credibilidade que ela me dá quando nem eu sei se vale a pena acreditar, sempre me dizendo que tem certeza que consigo, mas que me amaria exatamente igual se não desse certo. Os seus "se cuide" e "tenha juízo" depois de uma ligação. As várias tardes passadas assistindo filmes (mesmo quando ela dorme no meio). Todo o amor que transborda em suas ações.
 Ela não reconhece a maior parte dessas coisas e está sempre achando que eu preferia ter outras pessoas como mães. Acha que eu preferia uma mãe mais liberal, mais feminista, mais isso ou aquilo. Mal sabe ela que não há outra pessoa no mundo de quem eu desejaria ser filha. Nem a Beyoncé, nem Simone de Beauvoir, nem Sylvia Plath. Porque nenhuma delas seria capaz de me inspirar e me fazer acreditar um pouco mais na vida a cada dia como ela faz.

Um comentário:

  1. Assim não vale!!! Fiz um eletrocardiograma gratuito!!! Eu é que não queria ter outra fillha. Com você aprendo todos os dias e tento ser uma pessoa melhor!!! Eu a amo demais!!!

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